segunda-feira, 29 de junho de 2009

TEBEROSKY, Ana. COLOMER,Teresa. Aprender a ler e a escrever: uma proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.

A construção do conhecimento sobre a escrita

Este texto parte de uma perspectiva construtivista onde antes da preocupação com a aquisição de técnicas e métodos a postura docente deve ser a de buscar desvendar quais são os caminhos que as crianças fazem até conseguir construir o conhecimento a respeito da escrita.
As autoras evidenciam através de estudos realizados quais são as hipóteses utilizadas pelas crianças para compreensão dos mecanismos da escrita antes mesmo que elas freqüentem a escola. Sinalizam para a importância de que cada tentativa de associação feita pelas crianças para corresponder entre a fala e a escrita e mesmo as garatujas, podem ser usadas como instrumento diagnóstico. Divide as fases de aquisição da escrita em três estágios: pré-silábico, quando não existe correspondência entre as sílabas e os sons, silábico quando a criança já reconhece a necessidade de uso de tantas letras para se constituir uma palavra e o alfabético quando a criança já consegue formar palavras usando tanto vogais quanto consoantes.
A importância deste trabalho evidencia-se quando ao compreender como a criança aprende, o professor pode definir o que ensinar e como avaliar. Cada tentativa não é vista como simples rabisco, mas como uma espécie de escrita, conforme defende Emília Ferreiro.
Diante disso, as crianças não deveriam mais ler textos como os trazidos pelas cartilhas, e sim placa de ruas, folhetos de propagandas, jornais, revistas, entre outros, não é possível ignorar que é necessário oferecer caminhos práticos para que os alunos consigam utilizar novos enfoques que possam dar significado as aprendizagens escolares e oferecer correspondência entre o que se aprende na escola e o cotidiano desse aluno. Através dos estudos evidenciados no texto é fácil perceber o quanto as práticas sociais devem ser consideradas como elemento fundamental na formação e desenvolvimento humano, uma vez que as práticas sociais são os referenciais que trazem o significado entre a escola e a vida.
O grande desafio está em fazer com que os professores entendam que o processo ensino-aprendizagem não se dá de maneira linear, ordenado e seqüencial, ao contrário é um processo complexo, turbulento, imprescindível, cheio de idas e vindas. São caminhos desconhecidos que nos fazem questionar muitas de nossas certezas.
As crianças devem saber para que elas devem ler e escrever. Na escola elas simulam usos, ao invés de trabalhar na prática. Exemplo: escrever cartas endereçadas para pessoas imaginárias não faz sentido para elas, então por que não utilizar as cartas e definir um uso real que as crianças reconhecem que seja necessário.
O papel docente é de interagir, cooperar, trazer pontos de referência, enfim, ensinar hoje o que a criança fará sozinha amanhã.



TEBEROSKY, Ana. GALLART, Marta S. et. Al. Contextos de alfabetização inicial. Trad. Francisco Settineri, Porto Alegre: Artmed, 2004. (p 85- 98)

Práticas de linguagem oral e alfabetização inicial na escola: perspectiva sociolinguística
Erik Jacobson


Adotando uma atitude que compreende a interdisciplinaridade entre os contextos sociais como marco diferencial que não pode deixar de ser levado em conta para uma prática de alfabetização inicial. O texto defende que as práticas de alfabetização devem partir de um contexto muito mais amplo. O entendimento de que as crianças já trazem em sua história, anterior à escola, conhecimentos e impressões com relação ao uso e o domínio da escrita deve ser um princípio norteador do trabalho dos professores que devem considerar tais conhecimentos de modo a facilitar o entendimento das novas formas de aprendizado que serão introduzidas pela escola. Ou seja, fazer a correlação entre aquilo que ele já sabe e aquilo que ainda irá aprender pra evitar que somente aqueles que vivem em ambientes familiares que promovam um contexto de alfabetização parecido com o contexto escolar obtenham êxito.
Diversos exemplos de países que trabalham com uma perspectiva bilíngüe são retratados para demonstrar que alguns casos de inadaptação do aluno frente as práticas escolares se dão exatamente pela falta de vínculo entre o conteúdo da escola e a realidade vivida por este aluno.
Conclui lembrando que embora seja muito evidente que a escolha da linguagem formal seja conseqüência de uma sociedade que não está livre de desigualdades tanto sociais, econômicas e culturais. Existem formas de conciliar as aulas atuais sem relegar a um lugar menor as outras formas de linguagem que fazem parte e mesmo caracterizam os grupos sociais de onde essas crianças são provenientes.
As relações com a escrita variam de acordo com os diferentes contextos sociais nos quais a criança está inserida.
Devido a essas variações os professores e profissionais que trabalham de alguma forma com a alfabetização devem procurar entender a natureza específica da relação existente entre aquela comunidade e o mundo letrado para a partir daí ter início um processo que trabalhe práticas específicas que estarão bem estruturas concretas e possibilitarão um aprendizado que vai além do domínio e decodificação da escrita, mas que proporcione uma relação de intimidade e habilidade muito diferente do que geralmente se pode notar com indivíduos que sempre mantiveram um distanciamento das práticas de leitura e escrita muitas vezes impulsionados por um estranhamento das formas do cotidiano e da usada na escola. Embora, existam outros fatores de ordem social que influenciem e também determinem as práticas e o desempenho dos alunos, podemos considerar que dado o primeiro passo para que ao menos uma dessas barreiras sejam derrubadas fica mais fácil para os professores acreditarem que é possível haver uma mudança mias completa e profunda na maneira com que a escola lida coma s diferença, estas entendidas de modo amplo, ou seja, é preciso que a escola trabalhe com múltiplas perspectivas, que leve em conta e não desvalorize outras culturas, línguas, etnias e conhecimentos mesmo que eles não correspondam ao padrão considerado formal e correto pela elite.



Os problemas cognitivos na construção da representação escrita da linguagem.

Este trabalho procura identificar os modos de organização do conhecimento focando em um período específico da infância, o momento que antecede a aquisição da escrita e leitura, estes entendidos enquanto objetos socialmente constituídos. A autoria tem como base a teoria piagetiana e procura basear seu estudo em pesquisas realizadas com crianças que tem entre 0 e 6 anos de idade. O resultado demonstra que as construções em métodos que as crianças utilizam são originais e muito distintos do nosso modo “alfabetizado” principalmente no que diz respeito a relação entre o todo e as partes que o constituem.
Segundo a autora o resultado do trabalho evidencia que antes mesmo da aquisição da escrita formalizada pela escola, a lógica é usada como elemento que auxilia a compreensão da escrita o que demonstra tratar-se não apenas de uma técnica aprendida mecanicamente, mas de lago que perpassa todo campo de desenvolvimento do indivíduo, uma vez que são empregados instrumentos de diversas áreas.
De posse dessas informações a organização da estrutura curricular deveria atentar para a interdisciplinaridade entre as matérias, pois como pode-se perceber conhecimentos utilizados nas ciências exatas, como a lógica, também desempenham papel importante no aprendizado da língua escrita.
Atualmente, tem-se assistido a um crescente debate com relação a forma como a escola vem trabalhando os conteúdos escolares. Trata-se do extremo isolamento com que a escola lida com seus tempos e os tempos do mundo que a rodeia e mais ainda da falta de vínculos entre as matérias que são ministradas.
O presente trabalho é de extrema importância em vez que traz argumentos baseados em pesquisas práticas de como acontece a construção do conhecimento e mesmo o desenvolvimento do indivíduo.
Creio que ilustre bem a necessidade de um ensino mais rico e pleno para seus alunos visando uma continuidade entre o que se aprende na escola e o conhecimento que existe fora dela. Há crescente evidencia de que a escolarização está contribuindo muito pouco para o desempenho fora da escola. Por outro lado os conhecimentos adquiridos fora dela nem sempre são usados para servir de base a aprendizagem escolar. Nossa preocupação, enquanto educadores, deve ser promover um crescente aprimoramento das práticas que são utilizadas na escola, apesar de só agora haver aproximação maior entre os estudos realizados por Piaget e Vigotsky e a realidade educacional, sua efetivação depende do domínio e do conhecimento de suas idéias por parte dos educadores.

Um comentário:

  1. As análises estão boas. Precisam de que alguns elementos sejam acrescentados. Além disso, é interessante que se façam relações coma realidade. É importante, também, buscar pontos de contato com outros materiais... Os vídeos que colocou acima são muito interessantes e servem como ilustradores destas teorias. Por que não fez algum comentário relacionando-os com os textos lidos?? Pense a respeito e tente fazer estas revisões até a próxima semana...

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